quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
Quem Restou, Pandora?
Rugas e marcas escondidas
e a única que persiste e insiste
é saber se estás feliz e bem.
Hoje, neste nublado dia derradeiro
no qual repagina-se um quadrante
cíclico, num prolixo retrospecto,
vejo, com inexpressível pesar
e inesperado desespero,
que passei
de um canto ao outro
sem dar
um passo...
Tudo se despedaçando ao redor
deste incômodo com semblante de cristal.
Heróis decapitados num triste perfil
da manhã de espelhos desorientados.
De olhos vendados, um gigante que
retrocede em busca do velho erro
que se faz novo e novamente falhará.
Deveras, nenhuma dúvida que me arreste!
O passado regressando em largo trote
no vermelho do batom que não purgará.
Sobre a economia, contas a pagar!
Tudo o que nunca me pertenceu
num tecido intangível de dívidas
com as quais perpetuam uma vivência
que ainda jogam-me às costas!
São prestações dos sonhos de Prometeu!
Pré-datados na imersão de pensamentos
e desejos sem meios e sem fundos.
Se perguntasses
o que espero destes novos tempos...
Se indagasses,
responder-te-ia ser uma expectadora
revisando, nestas quatro telas,
os reflexos cartesianos
de nossa inefável ambição.
Se me soltasses,
certamente, num certame,
cairia como tola opositora,
agonizando, nas margens do Ipiranga,
o meu primeiro e derradeiro "foda-se".
Se olhasses
dentro deste pedante caixão
verias, tão somente e simplesmente,
que te esperei demais,
e nada mais.
domingo, 6 de dezembro de 2015
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
terça-feira, 27 de outubro de 2015
domingo, 18 de outubro de 2015
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
domingo, 4 de outubro de 2015
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
sábado, 19 de setembro de 2015
sábado, 12 de setembro de 2015
sábado, 29 de agosto de 2015
domingo, 23 de agosto de 2015
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Sonhando Com Pedras
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
sexta-feira, 31 de julho de 2015
segunda-feira, 27 de julho de 2015
domingo, 26 de julho de 2015
quarta-feira, 22 de julho de 2015
quinta-feira, 9 de julho de 2015
domingo, 5 de julho de 2015
Aleatoriedade Medíocre
sábado, 4 de julho de 2015
domingo, 28 de junho de 2015
domingo, 21 de junho de 2015
domingo, 7 de junho de 2015
Último Cigarro
domingo, 31 de maio de 2015
domingo, 24 de maio de 2015
domingo, 26 de abril de 2015
domingo, 15 de março de 2015
Noite
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Poema - Um Sonho Navegante
Joguei meu sonho lá dentro,
enviei a ti minhas certezas
naquela navegante do bueiro.
Esperei por mais dez minutos,
refiz de retalhos os sentimentos
lembrando da lembrança tua,
desejando muitas outras chuvas.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
Poema - Translação dos Desejos
Doravante, sem avanço que importe,
que vença o vazio sólido que não morre,
caio aos pé desta escada incansável.
Insaciável, destroçando a carne frágil.
Devorando o passo inchado que corre,
no solúvel tempo dos dias da vida.
enrola e devora e me assola à sola,
à rótula. Igual cela que assombra,
penso que não passo de sombra.
Movimentos sem nexo algum,
Um atrapalho ainda por cima!
Sombra condenada a ser contra.
Onde se viu cair escada acima?
Não olhou para trás.
Tampouco subi,
mas olhei para atrás,
à frente, à nuca,
ao chão, ao abismo.
Rolei eu mesmo,
varri um mundo
de desejos mudos.
domingo, 11 de janeiro de 2015
Artigo - À Robotização
No Terceiro Eu Acerto!
Olá, galerinha! Creio que está postagem deveria ser uma espécie de "marco zero", uma explicação da ideia que tenho para este blog, é também o porquê. Claro que, para isso, é necessário dissertar um pouco sobre mim, meus anseios e minhas frustração. Então, com vossa licença, começarei.
Meu nome é Vidal, tenho 26 anos. Devido aos inumeráveis medos de uma mãe super protetora, minha infância foi marcada pela solidão de um quarto que por anos foi o único mundo que tive. E, como o ser humano tem por instinto superar as limitações com as quais se depara, recorri a imaginação: imaginava por horas correr pelas ruas do bairro, jogar bola com os pés descalços, empinar pipas, e diversas outras coisas que as crianças normais faziam. Uma imaginação fertil, como amigo apenas um garfo de macarrão imprestável, nos olhos o desejo de ser aqueles que pulavam muros, sorriam e brincavam na frente do portão.
Então cresci, conquistei a liberdade (não sem magoar algumas pessoas como minha mãe, que nunca foi capaz de compreender minha necessidade de existir além daquelas quatro paredes). Cometi erros que poderiam ter me matado ou preso, pois, igual um pássaro de gaiola que foge, eu voei desesperado por ruas e vielas, batendo em paredes e placas de vias públicas, sem qualquer ideia em quem confiar ou quem desprezar.
Entretanto, neste meio tempo, conheci a literatura. Um livro em especial me marcou profundamente, me abrindo os olhos ao mundo de uma forma que meus pais não eram capazes (não propositalmente, pois eram os dois, apesar de esforçados, humildes e de pouca cultura). Foi quando sonhei ser escritor.
O problema é que, como todos nós sabemos, viver da escrita não é nada fácil. Vinícius de Morais teve que migrar à música, pois seus livros travavam nas prateleiras, por vezes confundidos com as marcas de poeiras. E como eu, pobre mortal filho de operários, conseguiria viver da escrita? Mesmo que o teste vocacional tenha demonstrado que havia certa conectividade entre mim e as letras, ainda assim a fome põe medo em qualquer um! Sem contar que possuo uma "deficiência" vergonhosa (por vezes, apesar de ler muito, me foge a grafia correta de certas palavras!) Imagine só! Larguei de mão, dando prioridade à sobrevivência.
Fiz técnico em mêcanica, lutei muito para entrar numa empresa grande e com bons benefícios (além de possibilidades de promoções e desenvolvimento profissional). E o quê aconteceu? Crise do setor industrial, com todos os contratados comigo no olho da rua.
O quê ganhei? Tentei dançar de acordo com a música, tropecei e dei de cara no chão! Foi quando decidi tentar duas coisas inusitadas. Uma delas foi tentar desenvolver um bom blog. A outra... bem. A outra direi no final.
Pensei muito sobre algo para escrever em um blog. Sobre o quê falarei? Livros? Filmes? Profissão? Escrever crônicas, contos ou romances? Neste período de pausa reflexiva e forçada (haviam me demitido e estava difícil conseguir outro emprego), apareceu Theo. Procurava ele escritores para o seu blog de resenhas, me candidatei e o jovem aceitou. Não ganhei um puto, é verdade, mas minha intensão inicial era conhecer o funcionamento de um blog, além de treinar a escrita (que andava por deveras enferrujada), além de dissertar sobre meus livros favoritos.
Foi quando desisti da ideia de um blog de livros. Tem gente demais fazendo isso e, muitas vezes, com uma estrutura muito melhor (alguns fazem entrevistas com escritores, têm promoções de editoras e outras coisas bem legais que eu não tinha como correr atrás, sem contar a falta de tempo para atualizar minhas leituras).
A primeira ideia foi escrever um romance. O nome seria "Epifania" e teria uma estrutura peculiar visando a necessidade do público alvo: os capítulos não teriam ligação clara, sem linearidade de tempo, e, apesar de começo, meio e fim, poderia ser lido aleatóriamente, só se tornando um romance quando chegasse ao fim da leitura de todos. Em outras palavras, seria um romance com capítulos escritos na estrutura das crônicas de jornais. Muito legal, né? Uma estrutura peculiar que o tornaria quase experimental. Problema: havia eu, finalmente, conseguido um emprego, e como conseguiria construir uma estrutura tão complexa com tão curto espaço de tempo (atualmente só tenho tempo aos Domingos)? Sem contar que ele tendia a hermeticidade, e era exatamente o que eu não queria num primeiro romance, só podendo ser convertido com trabalho e dedicação adequada (ou seja, com tempo exclusivo para ele). Se tudo der certo daqui para frente, talvez um dia eu retome a estrutura com a história que tinha em mente. Agora não é a hora.
A segunda ideia foi um blog somente de crônicas, cujo nome era "Precisa-se". Uma sátira sobre as necessidades em geral, entre elas a estabilidade financeira, felicidade, amor, amizade, entre outras coisas. A ideia era uma sátira leve, com poucos palavrões e poucas piadas com segundas intensões, visando assim alcançar o público adulto e o adolescente. Escrevi uma crônica inicial e mandei pro yahoo respostas, aguardando um feedback. Passou uma semana, duas, e nada. Voltei para analisar o texto, tentar descobrir no que errei. Concluí que o primeiro texto era realmente ruim, chocante, de humor duvidoso. E mais: todos os outros tinham um toque um tanto forçado, artificial. Me aprofundei na auto-crítica em busca do principal problema, e cheguei na seguinte solução: meu humor tem ocilações que não permitem, sem um apuro de técnica, uma sátira leve e natural. Sem contar meus gostos literários: Dostoiévski; Kafka; Saramago; Faulkner. Todos com um estilo pesado, pouco dados à sutileza. Como posso eu escrever algo leve?
E então finalmente chegamos ao blog que estás lendo. O título creio que já esteja explicado no texto: menos dois blogs ruins, para que nasça um que possa ser lido (e escrito). Com o pouco tempo que possuo, decidi escrever o que me der na telha. Contos, Crônicas Esportivas, Crônicas Literárias, Poemas, Resenhas, etc. O importante é que seja algo bom e agradável, uma boa alternativa pra quem não gosta muito da opinião da televisão e quer outro ponto de vista. Não pretendo ser o dono da verdade (podem falar mal, ou mesmo xingar, nada aqui será censurado, e se pegar fogo e a discussão crescer, tanto melhor). Isto tem inteira ligação com minha outra tentativa inusitada: se não posso viver da escrita, ninguém me impedirá de viver escrevendo.