O importante é jamais desistir de ser você mesmo.

domingo, 11 de janeiro de 2015

No Terceiro Eu Acerto!

Olá, galerinha! Creio que está postagem deveria ser uma espécie de "marco zero", uma explicação da ideia que tenho para este blog, é também o porquê. Claro que, para isso, é necessário dissertar um pouco sobre mim, meus anseios e minhas frustração. Então, com vossa licença, começarei.

Meu nome é Vidal, tenho 26 anos. Devido aos inumeráveis medos de uma mãe super protetora, minha infância foi marcada pela solidão de um quarto que por anos foi o único mundo que tive. E, como o ser humano tem por instinto superar as limitações com as quais se depara, recorri a imaginação: imaginava por horas correr pelas ruas do bairro, jogar bola com os pés descalços, empinar pipas, e diversas outras coisas que as crianças normais faziam. Uma imaginação fertil, como amigo apenas um garfo de macarrão imprestável, nos olhos o desejo de ser aqueles que pulavam muros, sorriam e brincavam na frente do portão.

Então cresci, conquistei a liberdade (não sem magoar algumas pessoas como minha mãe, que nunca foi capaz de compreender minha necessidade de existir além daquelas quatro paredes). Cometi erros que poderiam ter me matado ou preso, pois, igual um pássaro de gaiola que foge, eu voei desesperado por ruas e vielas, batendo em paredes e placas de vias públicas, sem qualquer ideia em quem confiar ou quem desprezar.

Entretanto, neste meio tempo, conheci a literatura. Um livro em especial me marcou profundamente, me abrindo os olhos ao mundo de uma forma que meus pais não eram capazes (não propositalmente, pois eram os dois, apesar de esforçados, humildes e de pouca cultura). Foi quando sonhei ser escritor.

O problema é que, como todos nós sabemos, viver da escrita não é nada fácil. Vinícius de Morais teve que migrar à música, pois seus livros travavam nas prateleiras, por vezes confundidos com as marcas de poeiras. E como eu, pobre mortal filho de operários, conseguiria viver da escrita? Mesmo que o teste vocacional tenha demonstrado que havia certa conectividade entre mim e as letras, ainda assim a fome põe medo em qualquer um! Sem contar que possuo uma "deficiência" vergonhosa (por vezes, apesar de ler muito, me foge a grafia correta de certas palavras!) Imagine só! Larguei de mão, dando prioridade à sobrevivência.

Fiz técnico em mêcanica, lutei muito para entrar numa empresa grande e com bons benefícios (além de possibilidades de promoções e desenvolvimento profissional). E o quê aconteceu? Crise do setor industrial, com todos os contratados comigo no olho da rua.

O quê ganhei? Tentei dançar de acordo com a música, tropecei e dei de cara no chão! Foi quando decidi tentar duas coisas inusitadas. Uma delas foi tentar desenvolver um bom blog. A outra... bem. A outra direi no final.

Pensei muito sobre algo para escrever em um blog. Sobre o quê falarei? Livros? Filmes? Profissão? Escrever crônicas, contos ou romances? Neste período de pausa reflexiva e forçada (haviam me demitido e estava difícil conseguir outro emprego), apareceu Theo. Procurava ele escritores para o seu blog de resenhas, me candidatei e o jovem aceitou. Não ganhei um puto, é verdade, mas minha intensão inicial era conhecer o funcionamento de um blog, além de treinar a escrita (que andava por deveras enferrujada), além de dissertar sobre meus livros favoritos.

Foi quando desisti da ideia de um blog de livros. Tem gente demais fazendo isso e, muitas vezes, com uma estrutura muito melhor (alguns fazem entrevistas com escritores, têm promoções de editoras e outras coisas bem legais que eu não tinha como correr atrás, sem contar a falta de tempo para atualizar minhas leituras).

A primeira ideia foi escrever um romance. O nome seria "Epifania" e teria uma estrutura peculiar visando a necessidade do público alvo: os capítulos não teriam ligação clara, sem linearidade de tempo, e, apesar de começo, meio e fim, poderia ser lido aleatóriamente, só se tornando um romance quando chegasse ao fim da leitura de todos. Em outras palavras, seria um romance com capítulos escritos na estrutura das crônicas de jornais. Muito legal, né? Uma estrutura peculiar que o tornaria quase experimental. Problema: havia eu, finalmente, conseguido um emprego, e como conseguiria construir uma estrutura tão complexa com tão curto espaço de tempo (atualmente só tenho tempo aos Domingos)? Sem contar que ele tendia a hermeticidade, e era exatamente o que eu não queria num primeiro romance, só podendo ser convertido com trabalho e dedicação adequada (ou seja, com tempo exclusivo para ele). Se tudo der certo daqui para frente, talvez um dia eu retome a estrutura com a história que tinha em mente. Agora não é a hora.

A segunda ideia foi um blog somente de crônicas, cujo nome era "Precisa-se". Uma sátira sobre as necessidades em geral, entre elas a estabilidade financeira, felicidade, amor, amizade, entre outras coisas. A ideia era uma sátira leve, com poucos palavrões e poucas piadas com segundas intensões, visando assim alcançar o público adulto e o adolescente. Escrevi uma crônica inicial e mandei pro yahoo respostas, aguardando um feedback. Passou uma semana, duas, e nada. Voltei para analisar o texto, tentar descobrir no que errei. Concluí que o primeiro texto era realmente ruim, chocante, de humor duvidoso. E mais: todos os outros tinham um toque um tanto forçado, artificial. Me aprofundei na auto-crítica em busca do principal problema, e cheguei na seguinte solução: meu humor tem ocilações que não permitem, sem um apuro de técnica, uma sátira leve e natural. Sem contar meus gostos literários: Dostoiévski; Kafka; Saramago; Faulkner. Todos com um estilo pesado, pouco dados à sutileza. Como posso eu escrever algo leve?

E então finalmente chegamos ao blog que estás lendo. O título creio que já esteja explicado no texto: menos dois blogs ruins, para que nasça um que possa ser lido (e escrito). Com o pouco tempo que possuo, decidi escrever o que me der na telha. Contos, Crônicas Esportivas, Crônicas Literárias, Poemas, Resenhas, etc. O importante é que seja algo bom e agradável, uma boa alternativa pra quem não gosta muito da opinião da televisão e quer outro ponto de vista. Não pretendo ser o dono da verdade (podem falar mal, ou mesmo xingar, nada aqui será censurado, e se pegar fogo e a discussão crescer, tanto melhor). Isto tem inteira ligação com minha outra tentativa inusitada: se não posso viver da escrita, ninguém me impedirá de viver escrevendo.

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