O importante é jamais desistir de ser você mesmo.

domingo, 18 de setembro de 2016

Reflexões Sobre o Fim do Mundo










Eu só queria escrever palavras que não ousassem se escrever. Desejei sonhos que não pudessem sonhar. Mundos que não se acabassem nas incertezas mundanas. Em busca de tudo e de nada, me deixei ir a algum lugar, saído de lugar algum. Mas, nas desoladas vias públicas, descobri, sob ruínas, que o público é algo em si ausente de si, que vias publicas são rumos perdidos de um vasto ninguém, um gigante que contempla, estupefato, a própria imagem invisível.

Finalmente sei. Ao menos um avanço neste longo percurso de tropeços tortuosos. Nunca estive perdido na imensidão. Nunca me faltou nada. Nunca perdi o chão. Finalmente sei que nunca se perde aquilo que nada tem a encontrar. A juventude não está perdida, simplesmente inexiste. Somos os caducos imaturos de um nascimento reumático. Somos a esquizofrênica lucidez tecnológica. Somos a lógica insana da sociedade solitária.

E já não adianta falar francês, tampouco interessa o inglês. As línguas não ousam falar sozinhas. O crime da harmonia prescreveu nos anais de cálculos binários! E já não resta letra sobre pedra, pedra sobre perda, erva sobre relva. Não sobrou mundo a imundo algum. Não há idioma que não grite em silêncio à vida que se foi.

Mas todo o possível está circunscrito na prescrição inscrita por escrita indecifrável. Se o tudo virou nada, se todos são ninguém, se todas as vozes berram em silêncio, se a leitura é feita às cegas... aí já são outros quinhentos.