O importante é jamais desistir de ser você mesmo.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Poesia, Mas Nem Tanto...






















Em quase versos que sabem pouco,
não vislumbro as chaves do coração,
não advinho o destino da cabeça.
Não há leão, não vejo um pavão.
Nenhum bicho de pé perambula
nesta encruzilhada de letras
que calcula chances e retruca
aos pombos que não jogam
suas vidas ao esmero da sorte
de quem só quer um mero viver?

Mas vou versando como posso,
mesmo quando não se pode.
Uso aquilo que tenho nas mãos
que vagam vazias de espaço,
entrelaçando dedos nos nós
desta solidão sólida e palpável.
Me desfaço,
traço um verso que me saiu do inverso
incontido pela imensa vontade
de abraçar o sentido do universo.

E não me importa o silêncio,
desde que seja meu.
Eu de fato queria
que todos os versos fossem versos.
Que os poetas se descobrissem poetas
de seus próprios ardores.
O quê me interessaria
é saber, aos teus olhos,
como o mundo gira gigante
nesta grande roda viva
na qual vivemos cada instante.

E não declame este poema!
Não me reclame uma poesia!
Não procure qualquer engenho
que necessite entendimento.
Poesia, na verdade, nada entende.
Poema não sente, não senta,
nem faz sentimento.

Me resta ficar calado
em vagas palavras às escuras
que devem ser lidas
de olhos fechados.
O quê sinto é você,
e sinto muitíssimo
se importo pouquíssimo.
O quê importa de fato
é se exporto algo
que já existe em ti.

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