O importante é jamais desistir de ser você mesmo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Manhã




















O Sol nasceu antes do tempo
para morrer dentro de mim
e matar o indigerível não
que me estrangula em jejum.
Mão suja de arrependimentos
que não cicatrizam pelos anos,
não se fazem limpas pelo sabão
e nem pela fome que pede passagem.

No afã de mil cigarros
contarei hora após hora,
tratando cada minuto
como um último suspiro.
Exalarei óleo e fumaça,
engolirei o álcool e o diesel
da porosidade destes maços
tidos como lixo espacial.
Desejarei o silencioso fim
antes que tudo resolva começar.

Me arrependerei de ter nascido.
Lastimarei o sombrio momento
no qual abri meus olhos negros
no meio desta nítida escuridão.
Por mais que digam ser dia,
ou somente mais um dia que,
mais dia, menos dia, será noite,
me tortura a angústia inexplicável
de não sentir luz alguma chegar.

Encerro este poema sem
obter resposta alguma sobre
a forma correta a se proceder.
Quem morreu foi o Sol, o tempo,
ou eu? Quem escreveu foi o dia,
a noite, ou a sangria de arrependimentos
nutrida por um despertar sem sonhos?
E por que abro as persianas
de uma alma que não irá ver?

Chega de devaneios.
Passei da hora
de amanhecer.

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