O importante é jamais desistir de ser você mesmo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Nos Álbuns da Augusta





















Me sinto novo de novo,
me tornei o fato inédito
do álbum de um retrato.
A notícia, a virada do ano,
virei tudo, a cada página
virei as folhas, as palavras,
tudo de novo veio à tona
na agulha cega de vitrolas.

Me sinto vivo mais uma vez
nesta soma que só faz matar.
Sentindo que passei em branco
nas trevas de noites e faróis.
Sendo novamente algum talvez
buscando quem saiba explicar
porque sento-me vazio no banco
que alguém cobriu com lençóis.

Me sinto a mais nova repetência
neste emaranhado de paredes,
cada uma com sua incompetência,
cada bloco carente de parentes.
Me sinto uma ausência presente
numa presença lotada de solidão.
Sou como uma grande audiência
esquecida, outra vez, na multidão.

Me sinto.
Um longo déjà vu
que já viu tudo,
já escreveu,
já brigou com o mundo,
já gritou,
já amou a fundo,
já odiou.
Me sinto novo
e, de novo,
me sentirei novo
de novo
e quantas vezes forem necessárias!

Me sentirei novo
até que se faça de novo
esta novidade que algum dia
já me fez feliz...

Um comentário:

  1. Que chegue o quanto antes essa
    "esta novidade que algum dia
    já me fez feliz..."
    Um grande abraço, Roberto!

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