sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Perdi Uma Palavra Para Chamar de Amor



Uma palavra que perdi,
ou simplesmente
foi-se embora.
Se é que estava.
Se é que estive.
Se é o que devia
ou o que pagou.
Se é que tive.
Se é que sou.

Se foi lavrada.
Se foi lavada.
Se me foi cara
ou se foi barata.
Se foi ingerida.
Se foi digerida
ou corrompida.
Se me foi rara.
Se foi um tapa.

Se foi na esquina?
Se foi no ponto,
ou foi no caminho?
Se fui em casa?
Se foi na rotina
ou na criança?
Se foi no trampo?
Se foi ébrio ou
se fui sóbrio?
Se foi o relógio?
Se fui um regalo
ou um mero acaso?

Foi-se embora,
embora não sinta.
Embora não seja.
Embora não fosse.
Embora não minta
que foi só mentira.
Embora não se veja.
Embora não se entre
aonde não há porta.
Então vai embora!

Foi-se igual uma foice.
Cortante e latejante.
Rápida e humilhante.
Fosse o que fosse,
foi-se como veio,
se é que se foi.
Se é que houve.
Se é humana,
ou foi romana.
Se é que existe,
ou nem existiu,
uma palavra que perdi.

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